Parto natural no Japão

Acredita-se que a mulher precisa passar pela dor para se tornar mãe. Seria um teste ou uma transição na vida dela; ao menos algumas pessoas dizem ser este o motivo pelo qual a epidural não ser tão popular por aqui.

A maioria dos partos são naturais e somente em último caso é feita a cesariana. São poucos os hospitais que oferecem a epidural e o valor não é atrativo. Por outro, a procura tem se tornado maior. Um fator negativo, vira e mexe tem notícia de uma anestesia mal aplicada deixando sequelas.

A minha conta do hospital ficou em 7 mil dólares, mas só paguei 3 mil, devido o meu plano de saúde.

O meu filhote nasceu

O parto estava marcado para o dia 24 de setembro de 2018. Na madrugada senti algo estranho. Acordei meu marido, liguei para o táxi, peguei a bolsa. Não entendia nada, mas liguei para o hospital. Cheguei, fui consultada, não tinha contrações, nem mesmo dilatação. Alarme falso. Fiquei chocada em ouvir uma mulher em trabalho de parto e envergonhada pelo falso alarme.

Na terça-feira passei por uma consulta e eu disse para o médico que estava com sangramento, porém não foi falado nada. Não me sentia bem, vim para casa. Não sentia fome, mas fraqueza e enjoo.

Na quarta-feira minha amiga veio me visitar, contei para ela também sobre meu sangramento, mas pode ter sido uma barreira de linguagem. Eu só queria ser internada, estava com medo da bolsa romper e correr para o hospital sem apoio, de estar sozinha em casa, sem ajuda de ninguém. Por fim…

Na quinta-feira não queria ir ao médico, nem na sexta. Apesa da dor, da tremedeira nas pernas, fraqueza e ter passado dois dias sem comer. Minha amiga achou melhor me levar ao hospital. Para mim foi bom, pois eu não tenho carro. Lembro de ter passado a noite de quinta para sexta com muita dor, gemendo muito. Meu marido, ao invès de ficar comigo, foi dormir em outro apartamento, pois ele disse que não aguentava me ouvir.

No dia 28,  já estava em trabalho de parto, mas não sabia. Como o hospital já havia mandando eu voltar para casa, já havia desistido de voltar mais uma vez. A minha amiga veio de novo em casa e sentiu que estava em parto. A dor era incrível, fui andando para o hospital do estacinamento de um shopping perto. Muita dor, tive que esperar alguns minutos para entrar no consultório.

O médico me examinou e um rio de sangue saiu de mim. Eu sabia, eu estava mal desde domingo, ninguém deu bola. Estava com infecção, mas sem dilatação. A esperança do médico era o parto a meia noite (eram apenas 11 da manhã). Como a dor era enorme, pedi urgente a epidural. Estava com medo, uma enfermeira muito boa, ficou além do horário dela, só para me ajudar com a epidural. Segurou minha mão, já que estava com medo. Eu até chorei.

Exames e mais exames, o médico disse que por conta da infecção e de não ter dilatação eu deveria fazer uma cesária. Do nada a dilatação foi rápida. Em uma hora dilatei 4 cm e às 3 horas era hora de começar a puxar. Eram cinco horas e nada. O médico disse que não poderia esperar mais por conta da infecção e teria que fazer cirurgia. Antes, optamos pelo corte vaginal. Eu estava fraca de mais, dois dias sem comer. Pedia muita água para meu marido.

Achei que ia desmaiar, mas logo às 6:05, ele nasceu. Não o vi, como ele não estava respirando direito precisaram levar ele. Limparam, tiveram a certeza que estava tudo bem para então trazer ele para meus braços. Estava tão cansada, que não me empolguei tanto em querer vê-lo. Estava quase desmaiando devido a fraqueza. Não precisei puxar a placenta, mas demoraram para terminar a cicatriz. Serviram minha janta, que foi um verdadeiro banquete. Comi com muito gosto.

Meu marido não pode ficar na primeira noite. Fiquei sozinha, mal consegui dormir. Muita dor, nenhuma posição era boa. Precisei colocar cateter por não conseguir urinar. Na manhã seguinte liguei desesperada para meu marido, para ter certeza onde ele estava.

Meu filho nasceu em um dia ensolarado, muito gostoso, calmo. Todos os dias aprendia alguma coisa nova no hospital. Dar banho, amamentar, etc..As enfermeiras eram bem rudes ao ajudar na amamentação. Puxavam meus seios sem dó. Achei horrível.

Todos os dias o médico vinha ver se estava tudo bem comigo. A dor era infinita. Estava com muito medo de ir ao banheiro. Tomei remédio para poder eliminar. Não foi legal. Não me deram nenhuma medicação para dor, apesar da imensa dor.

Pontos positivos

A comida da maternidade era maravilhosa, equilibrada, com cores, sabores e um enorme cárdapio. Ganhei massagem e corte de cabelo. Meu filho ganhou porta retratos, toalhas, lenços, fórmula e outras coisas que não me lembro agora.

 

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