Jogar resto de comida na Coreia do Sul

Quando morei no Japão tive que separar meu lixo em diversas formas. Garrafas de suas tampinhas, o rótulo da garrafa, e assim vai. Todo lixo separado em várias partes. Resto de comida, papel, revistas, tudo! Cada cidade no Japão tinha suas regras, algumas tinha sacolas de lixo específicas, pedindo para escrever seu nome. Outras só pediam para usar sacolas transparentes.

Na Coreia do Sul, é a mesma coisa. Temos que separar tudo, principalmente o resto de comida, que precisa ser em uma sacola específica (normalmente comprada em lojas de conveniência). O resto da reciclagem é similar ao Japão. Com isso, só percebi o quanto desperdiçamos e com isso estou tentando reduzir meu gasto alimentício e com produtos com embalagens plásticas.

Acredito que os Estados Unidos recicle em menor escala do que esses dois países asiático, mas o Brasil, tem muito o que aprender. Não creio que chegamos aos pés do Japão em relação ao lixo. Por outro lado, já ouvi dizer (não de fonte oficial), que alguns países de primeiro mundo vende seu lixo, e o país que compra, acaba jogando de fora indevida.

Tenho minhas dúvidas em relação a reciclagem no mundo, não é a toda que tudo está tão poluído. Eu resolvi adotar hábitos diferentes, estou mudando aos poucos, consumindo menos, comprando menos comida, tentando usar o que tenho em casa para não jogar fora, e assim vai. Logo postarei o que tenho feito para mudar meus hábitos de consumo e ajudar o planeta.

Visto permanente no Japão é possível

Conseguir o visto japonês não é uma tarefa impossível, mas requer as ferramentas corretas. Logicamente, para a primeira e segunda geração o processo é muito mais fácil. No meu caso, sou filha de japonês (nascido no Japão, mas residente no Brasil) e quando resolvi morrar nas terrinhas nipônicas, foi necessário provar ter suporte financeiro (ou emprego garantido por lá), fora a demonstração da linhagem oriental (com documentos e até foto). 

Meu visto, como de praxe, tinha duração de três anos. Resolvi tentar o visto permanente. Como não falo e não escrevo quase nada, procurei uma pessoa (despachante brasileiro) para me auxiliar.

Na região de Kanagawa não encontrei ninguém. Em Tóquio (incrivelmente) também não. Fui atrás de alguns em Aichi e Gunma. Achei vários, mas todos dizeram que seria impossível conseguir o visto para mim, já que estava saindo do meu emprego devido o nascimento do meu filho. 

Sim, estava saindo e sem garantia financeira ficaria difícil. Meu marido, americano, com visto especial de permanência, não poderia sozinho ser meu garantidor. A maioria dos despachantes brasileiros cobravam em torno de R$600 para o trabalho mais taxa do visto por si. 

Essa informação não batia com as informações do Ministério da Imigração japonesa, muito menos em fóruns em inglês sobre o tal. Contrarei um escritório de advogacia japonês em Tóquio. Sim, todos falavam somente em inglês ou japonês e o custo foi de quase R$6 mil.

Consegui coletar todas as informações necessárias, juntar documentação (que foi até além do pedido pelo site do ministério). Esses documentos adicionais foram para provar minha estabilidade financeira e do meu próprio récem-casamento. Além da carta do médico sobre a minha gravidez, o que já ajudaria no processo.

Todos os meus impostos estavam pagos, sem problemas com a justiça, fazendo meu pedido ainda mais aceitável.

Por isso digo, não confie na primeira informação que chega. Procure profissionais mesmo, não apenas despachantes. Advogados, mesmo o valor sendo alto, vale a pena. Pelo que conversei no escritório, muitas pessoas de terceira geração também conseguem seu visto permanente, até se tiverem temporariamente desempregados.

Muitos ilegais conseguem ajustar sua condição (depende de cada caso e se não for algo muito irregular), até mesmo vi não japoneses conseguindo vistos temporário de trabalho. Então é realmente procurar informação correta, com pessoas certas.

Não aconselho procurar despachantes brasileiros, pois eles seguem apenas o que está descrito no Ministério da Imigração, enquanto os advogados conseguem pensar “fora da caixa” para ajudar os clientes com seus vistos.

 

Primeiro mês de vida do bebê

Quando engravidei no Japão, não esperava nem metade do tratamento recebido. A mulher e o bebê recebem muita atenção, principalmente no primeiro mês de vida.

Após os cinco dias hospitalizada com o recém nascido, a maratona nuna termina. A maternidade deve oferecer (depende de cada uma) duas consultas (deve-se pagar) tanto para a nova mãe como para o bebê.

A primeira consulta será após a primeira semana de vida. Caso o bebê não apresente nenhuma problema, será uma consulta básica. Peso, medidas, checagem da pele, olhos, reflexos, orientação sobre amamentação e uma dose de vitamina k.

Já a mamãe irá responder um questionário sobre depressão pós parto e também uma consulta para tamanho do útero, cicatrização e outros, dependendo de cada caso.

Após um mês, ambos devem voltar à maternidade. Os procedimentos são os mesmos. Entre tantas novidades em se tornar mãe, as primeiras consultas também são inesquecívies.

Memória

Lembro da primeira, o meu bebê era o único chorando. O maior bebê entre os demais japinhas. Ele usava uma roupinha verde, tão grande para ele. Chorava muito, enquanto os demais dormiam. Estava calor, e eu tive que deixar ele só com uma peça. Ele fez o número dois na sala da enfermaria e estava com muito gases.

Ele chorava muito. Nosso médico é famoso por tratar dos filhos da monarquia japonesa. Ele me ensinou como fazer um bebê parar de chorar (o que é claro, é lenda). Tirou sangue do pezinho do meu filho.

As enfermeiras tiraram foto dele. Éramos famosos. Comparando com bebê japonês, meu filho era grande mesmo. Ao tomar a vitamina K, fez como shot de tequila. Em um só gole terminou. Os demais bebês demoravam para terminar a pequena dose, muitos relutavam. Só o Connor mesmo fez rapidamente. Ri muito.

Por fim, recebi orientação para os demais procedimentos futuros e até hoje a maratona continua rolando.

 

 

Parto natural no Japão

Acredita-se que a mulher precisa passar pela dor para se tornar mãe. Seria um teste ou uma transição na vida dela; ao menos algumas pessoas dizem ser este o motivo pelo qual a epidural não ser tão popular por aqui.

A maioria dos partos são naturais e somente em último caso é feita a cesariana. São poucos os hospitais que oferecem a epidural e o valor não é atrativo. Por outro, a procura tem se tornado maior. Um fator negativo, vira e mexe tem notícia de uma anestesia mal aplicada deixando sequelas.

A minha conta do hospital ficou em 7 mil dólares, mas só paguei 3 mil, devido o meu plano de saúde.

O meu filhote nasceu

O parto estava marcado para o dia 24 de setembro de 2018. Na madrugada senti algo estranho. Acordei meu marido, liguei para o táxi, peguei a bolsa. Não entendia nada, mas liguei para o hospital. Cheguei, fui consultada, não tinha contrações, nem mesmo dilatação. Alarme falso. Fiquei chocada em ouvir uma mulher em trabalho de parto e envergonhada pelo falso alarme.

Na terça-feira passei por uma consulta e eu disse para o médico que estava com sangramento, porém não foi falado nada. Não me sentia bem, vim para casa. Não sentia fome, mas fraqueza e enjoo.

Na quarta-feira minha amiga veio me visitar, contei para ela também sobre meu sangramento, mas pode ter sido uma barreira de linguagem. Eu só queria ser internada, estava com medo da bolsa romper e correr para o hospital sem apoio, de estar sozinha em casa, sem ajuda de ninguém. Por fim…

Na quinta-feira não queria ir ao médico, nem na sexta. Apesa da dor, da tremedeira nas pernas, fraqueza e ter passado dois dias sem comer. Minha amiga achou melhor me levar ao hospital. Para mim foi bom, pois eu não tenho carro. Lembro de ter passado a noite de quinta para sexta com muita dor, gemendo muito. Meu marido, ao invès de ficar comigo, foi dormir em outro apartamento, pois ele disse que não aguentava me ouvir.

No dia 28,  já estava em trabalho de parto, mas não sabia. Como o hospital já havia mandando eu voltar para casa, já havia desistido de voltar mais uma vez. A minha amiga veio de novo em casa e sentiu que estava em parto. A dor era incrível, fui andando para o hospital do estacinamento de um shopping perto. Muita dor, tive que esperar alguns minutos para entrar no consultório.

O médico me examinou e um rio de sangue saiu de mim. Eu sabia, eu estava mal desde domingo, ninguém deu bola. Estava com infecção, mas sem dilatação. A esperança do médico era o parto a meia noite (eram apenas 11 da manhã). Como a dor era enorme, pedi urgente a epidural. Estava com medo, uma enfermeira muito boa, ficou além do horário dela, só para me ajudar com a epidural. Segurou minha mão, já que estava com medo. Eu até chorei.

Exames e mais exames, o médico disse que por conta da infecção e de não ter dilatação eu deveria fazer uma cesária. Do nada a dilatação foi rápida. Em uma hora dilatei 4 cm e às 3 horas era hora de começar a puxar. Eram cinco horas e nada. O médico disse que não poderia esperar mais por conta da infecção e teria que fazer cirurgia. Antes, optamos pelo corte vaginal. Eu estava fraca de mais, dois dias sem comer. Pedia muita água para meu marido.

Achei que ia desmaiar, mas logo às 6:05, ele nasceu. Não o vi, como ele não estava respirando direito precisaram levar ele. Limparam, tiveram a certeza que estava tudo bem para então trazer ele para meus braços. Estava tão cansada, que não me empolguei tanto em querer vê-lo. Estava quase desmaiando devido a fraqueza. Não precisei puxar a placenta, mas demoraram para terminar a cicatriz. Serviram minha janta, que foi um verdadeiro banquete. Comi com muito gosto.

Meu marido não pode ficar na primeira noite. Fiquei sozinha, mal consegui dormir. Muita dor, nenhuma posição era boa. Precisei colocar cateter por não conseguir urinar. Na manhã seguinte liguei desesperada para meu marido, para ter certeza onde ele estava.

Meu filho nasceu em um dia ensolarado, muito gostoso, calmo. Todos os dias aprendia alguma coisa nova no hospital. Dar banho, amamentar, etc..As enfermeiras eram bem rudes ao ajudar na amamentação. Puxavam meus seios sem dó. Achei horrível.

Todos os dias o médico vinha ver se estava tudo bem comigo. A dor era infinita. Estava com muito medo de ir ao banheiro. Tomei remédio para poder eliminar. Não foi legal. Não me deram nenhuma medicação para dor, apesar da imensa dor.

Pontos positivos

A comida da maternidade era maravilhosa, equilibrada, com cores, sabores e um enorme cárdapio. Ganhei massagem e corte de cabelo. Meu filho ganhou porta retratos, toalhas, lenços, fórmula e outras coisas que não me lembro agora.

 

Fazendo Pré-Natal no Japão

A maternidade rouba nosso tempo e como rouba. Fiquei vários meses sem escrever, mas estou de volta. Anteriormente falei obre como escolher a maternidade no Japão. Agora quero contar sobre o pré-natal.

Cada hospital deve ser diferente, o meu em Sagamiono (Kanagawa) foi bem simples. No primeiro trimestre as consultas são há cada 15 dias.  A rotina era a mesma em todas as visitas até a última semana de gestação: exame de urina, presão, controle de peso e medidas e batimento cardíaco do feto.

Fiz dois testes para doenças sexuais e outro exame intravaginal e vários ultrasons.  Optei para fazer um exame de aproximadamente 200,00 yen ou 200 dólares, para checar a  possibilidade do bebê nascer com problemas como síndrome de down e outros.

Também é feito exame de sangue, como se fosse um exame geral para saber se a mãe está doente, se tem anemia e etc. Nunca o médico prescreveu complementos durante minha gravidez. Achei muito errado, mas comprei a parte, informei, mas não me aconselharam em nada.

Segundo trimestre

Aquela rotina continua, mas  agora é possível confirmar com mais precissão o sexo do bebê. Novamente é feito um exame de sangue e um exame intravaginal (mas não me recordo o motivo). A mãe deve informar qualquer problema de saúde, como herpes genital ou pressão alta, para que os médicos avaliarem/orientar o parto.

Nesse momento é importante a mulher fazer decisões sobre o parto. Depende muito do hospital. Já é possível fazer aulas de cuidados com o bebê, sobre o parto e também sobre a epidural.

Decisão médica

No segundo trismestre entrega-se a orientação médica assinada. Um detalhe importante   é que o no papel sobre a epidural informa-se ser seguro, porém havendo uma pequena chance de riscos (embora não especifique) e diz “o hospital não ser responsável por possíveis agravamentos”, o que me deixou muito insegura, mas na hora do parto nem lembrei.

Precisa entregar um outro documento aceitando cesáriana em caso de emergência e inconsciência. Assim como sobre transfussão de sangue. Não fui orientada, recebi pouca orientação. Sobrevivi e aprendi muito com o livro sobre gestão que li. Achei os médicos calados de mais.

Por fim, deve-se definir quem responderá por você em caso de algum problema. Eitaaaa.. Claro, orientei meu marido e coloquei o nome dele. Para mim, o mais esperado foi o momento do ultrasom 3D.

Terceiro trimestre

Por fim, no último trimestre as consultas são com toda a certeza semanais ou bisemanais. A rotina é a mesma, Nas últimas semanas o médico irá sempre checar a dilatação (o que achei horrível). Toda hora um médico diferente, um até bem estúpido.

Agora, o coração do bebê será monitorado de outra forma, junto com as contrações. O mais chato das últimas semanas são as enfermeiras ensinando a fazer massagem no mamilo para induzir o parto. Achei bastante desnecessário e nunca fiz em casa.

Meu hospital foi ótimo, mas senti falta de muita orientação e esclarecimento de dúvidas. Aparelhos um pouco velho e até mesmo a prática médica um pouco ultrapassada em alguns momentos. Porém, com muita coragem e dedicação consegui um parto seguro e sem complicações.

Deixarei a experiência em outro post.